ATA
DA QÜINQUAGÉSIMA QUARTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 14.12.1988.
Aos quatorze dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Qüinquagésima Terceira Sessão Extraordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às dezoito horas e quarenta e oito minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Clóvis Brum, E1ói Guimarães, Frederico Barbosa, Gladis Mantelli, Ignácio Neis, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Raul Casa e Teresinha Irigaray. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 24/88. A seguir, foi aprovado Requerimento da Verª. Teresinha Irigaray, solicitando que o Projeto de Decreto Legislativo nº 24/88 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 15/87, que foi encaminhado à votação pelos Vereadores Clóvis Brum, Teresinha Irigaray, Antonio Hohlfeldt e Jorge Goularte. Após, foi aprovado Requerimento assinado pelos Vereadores Pedro Ruas, Antonio Hohlfeldt, Clóvis Brum, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Caio Lustosa, Teresinha Irigaray, Getúlio Brizolla, Luiz Braz, Jorge Goularte e Elói Guimarães, solicitando a realização de uma Sessão Extraordinária amanhã, após a Sessão Ordinária, para votação do Processo nº 2551/88. Ainda, durante a Sessão, foi aprovado Requerimento do Ver. Paulo Sant’Ana, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no período de dezesseis a trinta e um do corrente. Durante a Sessão, o Ver. Antonio Hohlfeldt apresentou Requerimento solicitando a anulação da votação do Projeto de Decreto Legislativo nº 24/88, com base no art. 100 do Regimento Interno, Requerimento que acabou sendo retirado pelo Autor, e o Ver. Pedro Ruas solicitou que na Sessão Extraordinária a ser realizada amanhã, após a Sessão Ordinária, sejam votados os processos não votados na Sessão Ordinária de hoje. Ainda, o Sr. Presidente respondeu Questões de Ordem dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clóvis Brum e Ignácio Neis, acerca da ordem de votação dos processos constantes da presente Sessão; do Ver. Clóvis Brum, acerca dos votos necessário para a aprovação do Processo nº 2551/87; dos Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clóvis Brum, Teresinha Irigaray, Jorge Goularte e Pedro Ruas, acerca da realização, amanhã, de uma Sessão Extraordinária; dos Vereadores Isaac Ainhorn, Ignácio Neis e Aranha Filho, acerca da possibilidade de encaminhamento da votação do Processo nº 2551/87, na Sessão Extraordinária a ser rea1izada amanhã; do Ver. Elói Guimarães, acerca do art. 111, § 4º do Regimento Interno. Às dezenove horas e quarenta e dois minutos, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para Sessão Extraordinária a ser realizada amanhã, após a Sessão Ordinária, para votação dos processos que não foram votados na presente Sessão e para a Sessão Ordinária a ser realizada amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Artur Zanella e secretariados pela Verª. Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Artur Zanella): Havendo “quorum”, declaro abertos os trabalhos da
presente Sessão Extraordinária.
Passamos,
de imediato, à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC.
2709/88 – PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO Nº 024/88, que autoriza o Sr. Prefeito Municipal a afastar-se
do Estado, no período de 16 a 21 de dezembro de 1988, a fim de realizar viagem
a Brasília – DF.
Parecer:
- da CJR. Relator Ver. Ignácio Neis: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Sobre a
mesa, Requerimento de autoria da Verª Teresinha Irigaray, solicitando seja o
PDL nº 024/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua
Redação Final, considerando-a aprovada nesta data.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, com voto contrário dos
Vereadores Antonio Hohlfeldt, Caio Lustosa, Jussara Cony e Pedro Ruas.
O SR. CLÓVIS BRUM: Inicialmente, pergunto à Mesa se vai ser votado o próximo Projeto e se
esse Projeto é o 051/88.
O SR. PRESIDENTE: Consultei V. Exa. se V. Exa. mantém o seu Requerimento.
O SR. CLÓVIS BRUM: Mantenho.
O SR. PRESIDENTE: Então será votado, neste momento, o Requerimento do Ver. Clóvis Brum,
que coloca em primeiro lugar a votação, na Sessão Extraordinária, do Processo
nº 2551. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO. Em votação o Processo nº
2551.
PROC.
2551/88 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 015/88, do Ver. Jorge Goularte, que regula o horário de
abertura e fechamento em geral do comércio na cidade de Porto Alegre. Com
Substitutivos nºs 01, 02, 03 e 04. Com Emendas 01 aos Substitutivos nos
01, 02 e 03; 02 aos Substitutivos 01, 02 e 03; 03 ao Substitutivo nº 01; 04 ao
Substitutivo nº 02; 05 ao Projeto e 06 ao Substitutivo nº 02. Com Subemenda nº
01 à Emenda nº 01.
Parecer:
- da Comissão Especial designada para apreciar a matéria. Relator Ver.
Paulo Satte: pela rejeição do Projeto e Substitutivos nos 01 e 03 e
aprovação do Substitutivo nº 02.
Obs.:
- Incluído na Ordem do Dia por força do
art. 44 da Lei Orgânica Municipal.
O SR. PRESIDENTE: Para
encaminhar, se inscreve o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, tenho certeza de que,
tanto do lado dos empresários, dos comerciantes quanto do lado dos
comerciários, é esperada, nesta tarde, uma decisão séria, responsável. E eu
desejo participar desta decisão séria, responsável. Mas como podemos participar
de uma decisão séria e responsável, se nós olhamos um Plenário com um pouco
mais de 17 votos, quando é sabido que são necessários 17 votos favoráveis para
a aprovação do Projeto? Diante disso, Sr.
Presidente, faço um apelo às demais Lideranças da Casa e aos demais
Vereadores para que, ao encaminharem a matéria, se retirem do Plenário, porque
não se pode jogar com a sorte de uma categoria de trabalhadores com o Plenário
quase vazio. Há “quorum”, sim. Deve haver 17 Vereadores, ou 18. Sabemos que o
Ver. Frederico Barbosa deve se abster ou votar contra a matéria objeto desta
Sessão Extraordinária. Sabemos que o Ver. Jorge Goularte vota contra o
Substitutivo e a favor de seu Projeto. Sabemos que o Ver. Isaac Ainhorn já se
manifestou contra o Projeto da Verª Teresinha Irigaray e inclinado ao Projeto
do Ver. Jorge Goularte. Então, está derrotado o Projeto. A minha presença não
vai oficializar esta derrota pela omissão de alguns Vereadores. Eu ainda
prefiro que este Projeto venha à votação na plenitude do “quorum” desta Casa,
não com um Plenário vazio, com um Plenário que apenas preenche uma formalidade
para oficializar a derrota do Projeto ou do Substitutivo.
Por isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
concluído o encaminhamento que faço em nome do PMDB, ressalvadas as posições do
Ver. Luiz Braz, autor da Emenda, e que sempre esteve ligado a este Projeto,
digo à Casa que agora quem se afasta do Plenário sou eu. Eu não vou oficializar
com o meu voto a derrota da esperança de trabalhadores da minha Cidade. Eu
acredito na força dos empresários, como homens dedicados ao progresso da minha
Cidade, do meu Estado e do meu País, mas eu também acredito na força da
mão-de-obra, na força do trabalhador e, por isso, eu quero que este Projeto
retorne exatamente quando aquelas cadeiras do PDT, que estão vazias, estiverem
ocupadas pelos seus titulares. Eu quero participar de um processo de votação
onde o Plenário desta Casa esteja realmente dentro da sua normalidade. Não, eu
não vou participar desta farsa. Eu cumprimento o Ver. Jorge Goularte, que tem a
coerência de defender as suas posições e está aqui, mas o resto da Casa não
está.
Ora, Sr.
Presidente, são 17 votos que se precisa para aprovar a matéria, tem aqui 20
Vereadores, pois três sabemos que votam contra ou se abstêm. Está derrotado o
Projeto. Não, não vou oficializar isso. Eu quero que a maioria da Casa, no
mínimo 30 dos 33 Vereadores, se manifeste contra ou a favor do projeto. Só
assim estarão dando uma demonstração de responsabilidade com a população que os
fez Vereadores. Votar a favor ou votar contra, isto não é relevante. O sério,
Sr. Presidente, o importante é que a Cidade, é que os empresários, Dr. Alésio
Ughini, é que os trabalhadores, Barbosa, saiam daqui convictos de que a Casa
não aceitou esta proposta, ou que a Casa aceitou esta proposta. Esta é a melhor
proposta, porque a representação da Cidade assim o desejou. Mas, do vazio do
Plenário, Sr. Presidente, qualquer votação não representa a vontade da Cidade,
nem a vontade da Casa.
Concluído o
encaminhamento em nome da Bancada do PMDB, me afasto do Plenário para não
oficializar o que se montou nesta Extraordinária. Lamento o vazio daquelas cadeiras,
de representantes iguais a nós, que, na hora de decidir os destinos da Cidade,
se afastam e fogem do Plenário.
Por isso,
Sr. Presidente, não vou oficializar a derrota de esperança, de lutas, de
angústias, de noites indormidas de uma categoria que ajuda, sim, Sr. Alésio, o
progresso da minha terra, que são os trabalhadores no comércio de Porto Alegre.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com base no art. 100 do Regimento
Interno, solicito a anulação da votação do Decreto Legislativo, que não cumpriu
o disposto na Ordem do Dia, a determinação, regimental, na seqüência, que
prevê, primeiro: requerimento de Vereador, que foi cumprido; segundo: projeto
de lei; terceiro: projeto de decreto legislativo. Gostaria que a Mesa cumprisse
o Regimento Interno.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa cumpriu o Regimento Interno, eis que colocou o Projeto após a
votação do Decreto Legislativo. Após a votação do Decreto Legislativo é que o
Ver. Clóvis Brum fez o seu Requerimento.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Pois foi aí que a Mesa errou, Sr. Presidente, diz que
Requerimento de Vereador é anterior a Decreto Legislativo.
O SR. PRESIDENTE: O Requerimento do Ver. Clóvis Brum foi na Sessão anterior, que foi
encerrada por falta de “quorum”.
Com a
palavra, a Verª Teresinha Irigaray.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e senhores da
assistência, mais uma vez as coisas se repetem nesta Casa. É um final
praticamente melancólico, nesta tarde, quando não chegamos a uma posição e a um
posicionamento. Quero apenas ressalvar, deixando claro que vários Vereadores da
Bancada do PDT estão ausentes, mas certamente porque desconhecem que estamos
aqui, reunidos, em Sessão Extraordinária para continuar a votação. Seguramente,
saíram certos - não, seguramente, quero fazer essa ressalva, Ver. Jorge
Goularte, até por tranqüilidade, para sair com minha consciência mais tranqüila
e mais fortalecida, quero deixar bem clara a posição dos meus companheiros - e
certamente não me abandonariam, mais uma vez, como já o fizeram numa outra
ocasião. Dessa vez votariam no Substitutivo desta Vereadora. Quero nominar os
Vereadores aqui presentes: Ver. Elói Guimarães, Getúlio Brizolla, Pedro Ruas e
Brochado da Rocha que, certamente, e confio na palavra de S. Exas., estarão
votando com o Substitutivo desta Vereadora.
Mais uma
vez chegamos em mais uma etapa do nosso chamado “sábado inglês”. Em 1986 não
tivemos as condições para a vitória. Fomos derrotados. Hoje, por força dos
acontecimentos, também acho que o nosso Substitutivo não passará. Mas fica a
tranqüilidade do dever cumprido. Queremos votar este Projeto. Queremos votar o
Substitutivo que dá aos comerciários e principalmente à mulher comerciária as
condições necessárias para o seu lazer. Percorri muito este comércio, contatei
com “n” comerciários e todos estavam a favor do Projeto. É uma categoria
imensa, a qual eu respeito, à qual me curvo e na qual tenho profundas amizades.
Só lamento que não tenha havido a articulação suficiente, a mobilização
necessária para que não chegássemos a este determinado momento, como aqui
estamos chegando. Realmente, é muito desagradável, senhores comerciários. Não
era a nossa intenção. Ficamos, e agora falo em nome pessoal, praticamente,
sozinha nesta luta, mas chegamos a este final com muita dignidade, com a nossa
cabeça levantada e agüentamos até o fim, estamos aqui até o fim para o que der
e vier com vocês, tendo ou não tendo o apoio do Sindicato, estamos aqui olhando
para vocês, e dizendo queremos votar; não vamos fazê-lo por força das
circunstâncias. É lamentável que o Plenário não esteja em sua plenitude; é um
Projeto que interessa à cidade de Porto Alegre, importante pela sua natureza,
pela sua essência, é extremamente social, humano. Fizemos de tudo. Perdemos até
uma eleição, porque não fomos identificadas como autora do Projeto, mas estamos
até o fim. E, estas serão, seguramente, as minhas últimas palavras e o meu
último discurso desta Legislatura; agüentamos, nos sacrificamos. O Projeto,
como este aqui de 86, é enorme, volumoso, mas não teve o seu final feliz. E,
neste vale-tudo do jogo político, os que estão aqui é que estão agüentando as
conseqüências. Mas vale dizer, estamos juntos pelo menos neste final, que é
melancólico para todos nós, porque poderíamos, pelo menos, fazer aquele
confronto, onde seria aprovado àquele que os Vereadores achassem o melhor
Projeto. E, neste ponto, quero parabenizar o Ver. Jorge Goularte pela sua
lealdade. A Bancada do PDT, aqui representada pelos seus Vereadores que já
nominei, votará favoravelmente ao Substitutivo nº 02, que encerra o comércio
aos sábados à tarde.
E,
naturalmente, se for aprovado, teremos conquistado uma luta social que a
categoria muito reivindicou, que têm lutado bastante e, se não for, eu conclamo
da tribuna os comerciários para que se mobilizem e que, novamente, empreguem
novos métodos para que a conquista lhes seja mais fácil. Votaremos pelo
Substitutivo nº 02. Muito obrigada.
(Não revisto pela
oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, a palavra com o Ver. Antonio Hohlfeldt.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a posição do PT é
pública nesta questão, não admitindo em nenhum momento qualquer dubiedade.
Desde a primeira vez que esse Projeto chegou a esta Casa. Como dizia antes a
Verª Jussara Cony, é certo que esta é uma discussão, sim, ideológica, e é certo
que esta é uma discussão, sim, de divergência de classes. E se é verdade que o
Sr. Presidente desta Casa tem razão quando afirma que o Legislativo não é o
fórum competente para resolver as questões laboriais, nós podemos acrescentar
que, sem dúvida nenhuma, o Estado não é neutro, o Estado joga a favor de um
lado ou de outro. O Estado capitalista joga claramente de um lado: do lado do
capital. O Estado socialista joga do lado do trabalho. A proposta petista é
clara: as conseqüências desse Projeto têm que ser avaliadas. E se mantemos o
apoio ao Projeto original, porque assim o fizemos desde o primeiro dia,
inclusive por uma designação partidária. Historicamente, Ver. Jorge Goularte,
mantivemos sempre um diálogo e um debate muito fraterno aqui, exatamente,
porque o Ver. Jorge Goularte tem sido muito leal e claro em suas posições. Por
isso, divergimos respeitosamente. Nós não vamos mudar a posição, porque apenas
ganhamos uma eleição. Aliás, é apenas uma eleição. Teremos muitas antes da
revolução. E, neste sentido, sem dúvida alguma, teremos de manter essa posição.
Mas, sobretudo, lamentamos e queremos deixar esse registro aqui.
(Aparte
inaudível da Verª Bernadete Vidal.)
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Verª Bernadete Vidal, esta conclusão é sua e eu não
encampo. É que o nível e o tipo de eleição, depois da Revolução, se modifica
substancialmente em relação às eleições que se tem hoje em dia num sistema
corrupto, como é o sistema capitalista por essência.
O que
lastimamos, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é que o setor empresarial, que no
início destas discussões, anos atrás, apelava para que não houvesse
radicalizações, hoje radicaliza. Nós temos 4 Substitutivos. Nós temos 1 Substitutivo,
inclusive, do Ver. Clóvis Brum, que completa, amplia parcialmente o
Substitutivo do Ver. Luiz Braz que, no caso de não passar o que hoje é o
Substitutivo da Verª Teresinha Irigaray, seria interessante que fosse aprovado,
até para desmistificar, de uma vez por todas, esta história. Se é bom, se é
ruim, se vai dar prejuízo, para que lado vai dar prejuízo, não se sabe, por
isso a sugestão, que é exatamente se fazer o “sábado inglês” durante as férias
de verão, quando, sabidamente, esta Cidade fica às moscas, sobretudo com o
clima úmido, quente, que temos aqui em Porto Alegre. O que permitiria uma
avaliação sem grandes prejuízos para ambos os lados e que nos permitiria, no
próximo ano, avaliar com calma, verificar, independente de questão ideológica,
o que traria de benefícios ou malefícios para a categoria dos comerciários,
para o comércio e para a Cidade.
Eu tenho
certeza que o diálogo do futuro Prefeito Olívio Dutra, nos vários contatos com
o empresariado, foi muito claro. Nós não somos fechados à razão e às questões
que se colocaram com clareza. Agora, se coibir, de qualquer maneira, e, nesse
sentido, se radicalizar a proposta da experiência, isto é lastimável. Aliás,
havia um candidato, pouco tempo atrás, na campanha eleitoral municipal, que
dizia que era ruim a experiência. Nós provamos o contrário na vitória petista,
a experiência é boa. Foi boa a experiência, sim, com o PDT, sem dúvida nenhuma,
foi com todas as diferenças que temos que nós verificamos onde funcionou, onde
não funcionou. E será ótima a experiência com o PT nesta Prefeitura, porque
verificaremos o que nós podemos transformar do discurso na prática. Por que se
negar a experiência? Por que não aceitar dois meses de experiência deste
“Sábado Inglês” durante o verão? Isto não é radicalizar então, o quê? Esta é a
nossa questão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por questão de coerência, por
questão de respeito ao comerciário. Porque nós fizemos, sim, uma campanha nesta
área. Nós apoiamos o Projeto da Verª Teresinha Irigaray, que já tínhamos claro,
com todo o respeito ao Ver. Jorge Goularte, que nos opúnhamos, claramente, ao
seu Projeto. Mantemos esse voto e, dentro do encaminhamento das votações,
apoiaremos, sim, aquele Projeto que abre o espaço para que se tenha, realmente,
diálogo. Isto é democracia. O resto é uma democracia que, na hora do
pega-para-valer, a gente muda de posição. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encaminha, pelo PL, o Ver. Jorge Goularte.
O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, senhores
empresários, senhores comerciários, inicialmente, eu queria pedir escusas aos
comerciários por alguma palavra que não fosse a mais adequada, no calor dos
debates, e até compreendo as suas posições. Peço desculpas com tranqüilidade e
com dignidade. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou até o último minuto
defendendo as minhas idéias. Entendo que a pior posição do político é não ter
posição. Um homem tem que ter posição, embora essa posição possa lhe custar
caro, embora esta posição possa lhe ser difícil, embora essa posição possa lhe
custar, inclusive, uma reeleição. Mas é melhor morrer de pé do que viver de
joelhos, e eu vou continuar defendendo, até o último momento, a posição
assumida. Eu poderia, neste momento, propor ao Plenário uma saída. Falo especialmente
ao Ver. Antonio Hohlfeldt e peço que me ouça, Não sei se não seria o caso de
pedirmos o adiamento da votação, Ver. Antonio Hohlfeldt. Não está aqui o Ver.
Clóvis Brum; está aqui a Verª Teresinha. Nós teríamos essa saída, ainda neste
momento, para se salvar o Projeto e o Substitutivo. Ela seria a solução, de
minha parte, por ser o autor do Projeto original, mas eu não a faria sem a
aquiescência das Lideranças da Casa, visto que nós temos um número reduzido de
Vereadores. Infelizmente, uns abandonaram o Plenário no momento adequado da
votação e vieram no momento inadequado, porque agora já não há número
suficiente e, se há uma coisa que eu não gosto são estas atitudes. Uma solução
que seria viável - e o Antonio tem aí o Regimento e poderia me auxiliar - seria
eu pedir o adiamento por uma Sessão. Neste caso, nós forçaríamos uma nova
Sessão. Mas eu só o farei com a aquiescência das Lideranças da Casa e com a
aquiescência da autora – a maior interessada neste caso – que foi quem começou
toda esta batalha em relação ao “Sábado Inglês”. Eu tenho posição definida. Os
comerciários sabem como eu vou votar, a população sabe como eu vou votar, os
colegas da Casa sabem como eu vou votar. Agora, entendo, Ver. Pedro Ruas, que
eu respeito, meu amigo, meu irmão, o Ver. Luiz Braz, que tem uma Emenda, o Ver.
Clóvis Brum, que tem um Substitutivo, o Ver. Paulo Sant’Ana, que não está aqui,
porque está doente, mas eu peço até a compreensão dos meus Pares, tanto das
Lideranças, como dos Vereadores que têm substitutivos, como dos que estão aqui
para votar, embora eu pense que agora não é o momento, pelo número reduzido de
Vereadores. Com dignidade, Ver. Luiz Braz, Ver. Clóvis Brum, eu acho que a
única saída que teríamos seria adiar por uma Sessão, porque aí teríamos condições
regimentais de reagrupar as forças desta Casa em relação àquilo que pensam.
A Sra. Jussara Cony: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Teria que ser uma
Sessão Extraordinária, Vereador.
O SR. JORGE GOULARTE: Sim, numa Sessão Extraordinária. E a Mesa deverá
aceitar esse adiamento temporário em virtude do que aconteceu no Plenário,
porque ninguém está fugindo da raia, nós estamos prontos para votar, seja para
vencer, seja para perder, não tem problema, mas mostrando a nossa posição com dignidade.
Então, eu queria cumprimentar a Mesa que, diligentemente, está presidindo os
trabalhos, e com competência, eu queria cumprimentar os Vereadores Artur
Zanella e Gladis Mantelli, pela competência com que dirigem os trabalhos,
porque a Mesa nada tem a ver com o que aconteceu com relação ao Plenário. Me
fizeram sinal, o Ver. Hohlfeldt, o Luiz, a Jussara, enfim, todos os Vereadores
que concordam com a minha tese. Eu, como autor do Projeto, que defendo o
Projeto, solicito adiamento por uma Sessão Extraordinária, convocada para
amanhã, às 14h16min, porque até às 14h15min temos a Sessão normal. Estaremos
aqui para colocar a nossa posição com clareza e defender as nossas idéias com
dignidade. Acho que esta é a posição que mais se ajusta a este momento. Foi o
que me ocorreu, Ver. Clóvis Brum, e me parece o mais indicado para este
momento.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Como estamos em encaminhamentos e não posso formular
apartes ao orador, e como ele apresenta, em seu encaminhamento, uma espécie de
Requerimento, faria a seguinte Questão de Ordem: que ele, quem sabe,
suspendesse o encaminhamento e formulasse o Requerimento, solicitando o
adiamento da votação para amanhã, em Sessão Extraordinária. A Liderança do PMDB
concorda.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com base no art. 154, e me unindo ao
Ver. Jorge Goularte, me permitiria requerer a Sessão Extraordinária para
amanhã, a partir das 14h20min ou coisa parecida, 16 minutos, ouvido o Plenário,
com uma pauta específica que seria este Processo. Eu entendo, pelo art. 154,
que o Requerimento é oral, decidido de plano pelo Presidente e, neste sentido,
se houver aquiescência desta questão, então, Ver. Jorge Goularte,
evidentemente, nós podemos fazer este adiamento para amanhã; senão, corremos o
risco, com base no art. 119, que a próxima Sessão nós tenhamos só a partir de
15 de março.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: A Liderança do PDT, também, na figura da sua
Vice-Líder, concorda com o adiamento para amanhã.
O SR. JORGE GOULARTE: Então, eu faço, verbalmente, o Requerimento, de
acordo com o art. 154, para que nós tenhamos uma Sessão Extraordinária amanhã,
após a Sessão Ordinária, para votação específica deste Projeto.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Apenas para consultar a Mesa sobre o recebimento do
Requerimento verbal do Ver. Jorge Goularte.
O SR. PRESIDENTE: O Requerimento foi recebido, estou atendendo Questões de Ordem que
precedem.
O SR. CLÓVIS BRUM: Se está recebido o Requerimento, eu aguardo para manifestar o voto
favorável.
O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Eu preciso saber da posição da Mesa. Nós falamos na
Extraordinária e parece que há entendimento das Lideranças a respeito disto
amanhã às 14h16min. Nós temos também a Ordinária, amanhã?
O SR. PRESIDENTE: É evidente. Às 14 horas a Sessão normal da Câmara de Vereadores. E
teremos a votação dos projetos da Ordinária de hoje amanhã? Amanhã, sendo
quinta-feira, não é dia de votação. Se a Presidência da Casa determinar, será
feita uma Extraordinária com pauta definida pelo Presidente, onde incluir-se-á
os processos que o Sr. Presidente determinar. Pelo Requerimento dos Srs.
Vereadores presentes neste momento, pode-se aprovar a inclusão do Projeto
específico, que entre outros projetos poderão fazer parte da Sessão Extraordinária.
O SR. ISAAC AINHORN: Tendo em vista o Requerimento do Ver. Jorge Goularte, eu indago a V.
Exa. o seguinte: primeiro, se está encerrado o período da discussão? Na Sessão
Extraordinária será somente para regime de votação? Só poderá encaminhar amanhã
quem não o fez hoje?
O SR. IGNÁCIO NEIS: Entendo que o encaminhamento faz parte do processo. Uma vez
interrompido, deve ser novamente dado encaminhamento. É o que diz o Regimento
Interno. O processo de votação é uno e todos os Vereadores poderão encaminhar
novamente.
O SR. CLÓVIS BRUM (Questão de Ordem): Para deixar claro: o Requerimento do Ver. Jorge
Goularte e com que outras Lideranças concordam é para que amanhã, às 14h16min,
seja realizada uma Sessão Extraordinária com a finalidade específica de votar este
Projeto, o que não inviabiliza que a Presidência, em outra Sessão
Extraordinária, convocada para amanhã à tarde, inclua os processos que entender
por bem incluir na pauta.
O SR. PRESIDENTE: Entendi o Requerimento o Ver. Jorge Goularte assim: após a conclusão
da Sessão Ordinária normal, se fará uma Sessão Extraordinária. Não se podem
definir horários.
O SR. CLÓVIS BRUM: A Casa já tomou idêntica decisão. Proponho o seguinte: como temos
duração dos discursos nas Comunicações, vamos propor a Sessão Extraordinária
para as 16 horas.
O SR. PRESIDENTE: Há um Requerimento do Ver. Clóvis Brum para a realização da Sessão
Extraordinária às 16h.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sim, amanhã, às 16 horas, com a seguinte pauta: Ordem do Dia – votação
deste Projeto.
O SR. ELÓI GUIMARÃES (Questão de Ordem): Sr. Presidente. Apenas para colaborar com a Mesa
nesse sentido, ofereço a V. Exa. que o art. 111, § 4º, diz o seguinte: “A
votação será contínua e só em casos excepcionais, a critério do Presidente,
poderá ser interrompida”. V. Exa., com base nesta disposição, tem todos os
instrumentos para continuar a Sessão amanhã.
O SR. PRESIDENTE: Eu só coloco a questão para os Srs. Vereadores que é uma prerrogativa
regimental que o Sr. Presidente organize a pauta. Então, neste momento, se for
colocado em votação o pedido de Sessão Extraordinária, ela será feita, não com
horário fixado e com a pauta a ser fixada pelo Sr. Presidente. Ademais, o
Requerimento de Sessão Extraordinária deverá ser feito por escrito, por isso,
solicito ao Ver. Clóvis Brum que o faça de acordo com o Regimento.
O SR. PEDRO RUAS (Questão de Ordem): Eu gostaria que o nobre Vereador Presidente ouvisse o
Requerimento que faço, que é o seguinte: que os projetos que estão na Ordem do
Dia de hoje, caso aprovada a Sessão Extraordinária de amanhã, sejam votados
logo após o Projeto do Ver. Jorge Goularte.
O SR. CLÓVIS BRUM: Eu pediria apenas, Sr. Presidente, que constasse desse Requerimento o
número do processo.
O SR. PRESIDENTE: Eu solicito a compreensão dos Srs. Vereadores, que esse Requerimento
marcando horário de 14h20min, colide com a Sessão. Logo, ele não será votado
com este horário. Eu gostaria, por favor, que os autores dos Requerimentos
entrassem em acordo com o que requerem, para que se saiba, ao menos, o que se
pretende votar.
O SR. CLÓVIS BRUM: Já está apregoado o Requerimento, devidamente formalizado. Peço à Mesa
que o coloque em votação.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente, caso V. Exa., no exercício da Presidência, ou o
Presidente o deferir ou passar ao Plenário para a votação e, em conseqüência,
haja aprovação para que se vote amanhã este Projeto. Eu perguntaria a V. Exa.
como ele estaria apresentado ao Plenário, se haveria novas discussões e
encaminhamentos.
O SR. PRESIDENTE: Eu queria que os Srs. Vereadores entendessem a extrema dificuldade da
Mesa, porque, na verdade, o Processo, se aprovado este Requerimento, terá
suspensa sua votação e, logo, os que não fizeram o encaminhamento vão fazer.
Ocorre que o Requerimento que nos chega às mãos neste momento fala em se votar
o processo de regulamentação do comércio da Cidade. Não existe nenhum processo
de regulamentação do comércio da Cidade. E desaparece o processo 2551 e o que
se vai colocar dentro das prerrogativas do Presidente da Casa. Então, eu vou
colocar em votação este Requerimento, mas, se houver a reunião extraordinária,
poderá a seu critério, o Presidente da Casa, definir quais os Projetos que
entrarão na Sessão Extraordinária.
Então, o
Sr. Presidente, que assume neste momento, vai definir se será somente este
Processo ou se, dentro das suas prerrogativas regimentais, poderá colocar
outros processos além deste que é objeto do Requerimento do Ver. Pedro Ruas.
Passo a
Presidência ao Ver. Brochado da Rocha.
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): A Mesa tem a seguinte posição, pois cabe uma decisão
baseada no art. 100: vai colocar em votação, pois pode deferir de plano,
cumprindo o disposto no art. 100, inciso IV.
Estarão na
Ordem do Dia da Sessão Extraordinária o Proc. nº 2551/87 e encaminharão somente
os que ainda não encaminharam e outros processos que já estavam na Ordem do Dia
de hoje.
O
Requerimento entregue à Mesa está assinado pelos Vereadores Pedro Ruas, Antonio
Hohlfeldt, Clóvis Brum, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Caio Lustosa, Teresinha
Irigaray, Getúlio Brizolla, Luiz Braz, Jorge Goularte e Elói Guimarães,
solicitando a realização de uma Sessão Extraordinária amanhã, após a Sessão
Ordinária, para votação do Processo nº 2551/87, conforme foi devidamente
esclarecido aos Senhores.
Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Nada mais
havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a
Sessão às 19h42min.)
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